A colaboração intencional no ambiente de trabalho é uma competência e prática atual e estratégica para desenvolver carreiras e negócios.
Não é segredo que a colaboração é considerada uma das habilidades mais valiosas no mercado de trabalho, sendo sempre destaque nas decisões de contratação. Em minha vivência na acaso, percebo que faz parte de nossa cultura acreditar que não existe nada mais poderoso do que o conjunto das forças de pessoas que, juntas, podem chegar bem mais longe do que poderiam sozinhas.
Porém, nem sempre a colaboração é vista como algo positivo no dia a dia de trabalho. Por exemplo, todo mundo já ouviu a clássica piada “essa reunião poderia ser um e-mail”, que representa as frustradas tentativas de implementar a colaboratividade e que acabam tendo o efeito reverso na qualidade de vida das pessoas e das empresas.
Colaboração intencional para engajamento dos colaboradores
Segundo um estudo do MIT Sloan, as pessoas gastam 85% do seu tempo em reuniões. No entanto, se essas reuniões forem mal planejadas, os impactos negativos para uma organização podem ser imensuráveis.
Por exemplo, iniciativas de colaboração mal planejadas consomem tempo e energia de forma ineficiente, contribuindo para o esgotamento dos profissionais e prejudicando a qualidade de vida. Além disso, sem a definição de um objetivo claro, essas práticas não só comprometem a produtividade, mas também podem prejudicar a percepção do time sobre si e o engajamento geral. Isso traz um impacto negativo na cultura organizacional.
Por outro lado, a colaboração intencional no ambiente de trabalho parte de uma iniciativa com objetivos específicos e alinhados aos valores organizacionais. Quando isso acontece, os profissionais se sentem mais valorizados e conseguem reconhecer o impacto de suas contribuições. Isso reforça o senso de pertencimento e fortalece o engajamento, o que, segundo um estudo publicado pela Great Place to Work, é um componente crucial para a felicidade e o desenvolvimento profissional.
Nesse contexto, as lideranças desempenham um papel essencial na promoção de uma cultura de colaboração intencional. O papel de Chief Human Resources Officer (CHRO), por exemplo, pode implementar práticas que incentivem conexões autênticas e alinhadas aos objetivos da organização. Portanto, quando a liderança se compromete a fomentar uma cultura de colaboração com propósito, cada interação se torna uma oportunidade de crescimento, alinhando os esforços dos colaboradores com os objetivos estratégicos da empresa.
Por fim, outro caminho para incorporar a colaboração ao dia a dia de uma organização é o incentivo. Um estudo de 2013 descobriu que tendemos a não colaborar quando não recebemos apoio da empresa para isso. Por esse motivo, cabe à posição de CHRO, junto às demais lideranças, desenvolver estratégias para impulsionar as interações potencializadas pelo senso de coletividade.
Inovação como resultado da colaboração intencional
Outro grande benefício da colaboração intencional é a capacidade de impulsionar a inovação e apoiar a produtividade. De acordo com um estudo conjunto entre o Institute for Corporate Productivity (i4cp) e Rob Cross, Edward A. Madden, Professor de Global Business no Babson College, empresas que promovem trabalho colaborativo possuem 5 vezes mais probabilidade de ter alto desempenho.
Além disso, no mundo dos negócios, a colaboração também se traduz por meio de alianças comerciais em ecossistemas de negócio. Nesse sentido, essas iniciativas aceleram o acesso das empresas à tecnologia, habilidades e dados que direcionam a soluções mais inovadoras. Por exemplo, uma pesquisa da EY com líderes de empresas que fazem parte de pelo menos um ecossistema atribui, em média, 13,7% das receitas anuais totais, 12,9% na redução de custos e 13,3% nos ganhos incrementais ao trabalhar com esse modelo.
A colaboração e o desenvolvimento de carreira
Quando falamos sobre carreira, a interação com outras pessoas é um fator decisivo para alavancar a trajetória profissional de alguém.
Ter parceiros e parceiras de trabalho possibilita combinar os seus conhecimentos, habilidades e recursos com os de outras pessoas, formando um conjunto mais forte. Ao unir todos esses elementos com um propósito bem definido, estamos falando sobre acelerar o caminho para atingir um objetivo e desenvolver novos aprendizados.
Em um ambiente onde a colaboração é guiada por propósito, os colaboradores têm mais autonomia para direcionar suas próprias trajetórias de carreira, sentindo-se donos do seu desenvolvimento. Essa abordagem não apenas promove o crescimento individual, mas também contribui para que o time alcance resultados coletivos, beneficiando a empresa na totalidade.
Desenvolvendo habilidades e criando um ambiente de aprendizado
Como nenhuma mudança cultural acontece muito rapidamente, para fomentar a colaboração intencional, é necessário investir no desenvolvimento de habilidades colaborativas. Empresas que capacitam seus colaboradores para praticar uma colaboração eficaz e orientada por objetivos podem potencializar o valor das interações, fazendo delas um pilar estratégico. É através da intencionalidade que o ambiente de trabalho se torna um espaço de aprendizado contínuo, onde cada troca de ideias e busca conjunta por soluções impulsiona o crescimento pessoal e profissional, elevando os resultados organizacionais.
A colaboração intencional no ambiente de trabalho põe o propósito no centro das práticas colaborativas, tornando-se uma poderosa ferramenta de desenvolvimento e inovação. Ou seja, alinhando cada iniciativa a um objetivo claro, tanto empresas quanto colaboradores podem alcançar melhores resultados. Se aplicada estrategicamente, organizações conseguem construir uma cultura orientada a resultados, enquanto profissionais fortalecem suas carreiras em um ambiente de cooperação que faz sentido.
A acaso
A acaso é uma startup global que opera no Brasil e que possui como principal propósito ajudar pessoas e empresas a atingirem o seu máximo potencial por uma abordagem focada em habilidades. A startup desenvolve e aplica soluções de inteligência de skill-matching e conexões em rede que melhoram a eficiência e a produtividade de organizações. Desde a sua fundação, já atraiu mais de 50 empresas, como Santander, Ambev, Nubank, BASF e ESPM.
Autora
Ingrid Santana